17.2.10

Um homem lá no alto comendo seu feijão com arroz

Havia cimento junto ao feijão com arroz. De cima da obra o operário via o mundo-formigueiro seguir seu rumo diário. A comida era crocante, o cimento nas mãos faziam o prato cor de aço se misturarem a sua pele, Segurava a colher como um homem das cavernas, segurava e pensava nas formigas-pessoas lá de baixo. Havia vida junto ao cimento, junto a comida, junto ao feijão, junto a colher. À colher! As moscas não chegavam até ele. Nos seus olhos lácrimejantes, o mesmo lembrou-se da vida. Uma infância de pés na lama. Não sabia escrever o próprio nome aos 4 anos de idade, aprendera isso aos 44. A comida descia-lhe na garganta. E a obra continou.