3.11.10

Cavalos

                Estou sem camisa. A água está muito fresca e sol das três horas deixa o dia com um tom de sérpia que me faz lembrar do passado, muita agitação no riacho estou nadando com cavalos selvagens em um lugar que nem em meus sonhos existiria. Meu corpo molhado se refresca na sombra, vejo os animais partirem em sua viagem sem fim, as vezes penso que eu gostaria de estar partindo com eles para onde for, dizem que isso é um ato egoista, fugir é um ato egoista antes de ser um ato covarde mas, penso, de quem ou de que eu estou fugindo?
            A vida é feita de sonhos, se você perde os seus então você perde sua vida, eu penso nestas coisas enquanto os cavalos selvagens atravessam os perigos do rio. Eles são corajosos e não pararam até encontrar seu destino, não creio que eles sonhem com isso mas em seus corpos cansados apenas o objetivo os mantem de cabeça erguida. Eles são selvagens e livres, vivem uma liberdade que eu, com toda a sinceridade, invejo! Eles não precisam provar nada para ninguém, eles apenas correm nos verdes campos buscando os hálitos mais frescos da natureza, nossas invenções do século XXI não são úteis para eles, nossa modernidade e nossa sociedade nada servem para os cavalos selvagens, para eles a lei é a liberdade.
            As águas deste rio não seram as mesmas, o nome disto é “Devir” e rege tudo que é vivo, nunca seremos os mesmos pois nossa mudança, aquela que está encravada em nossa pele, fará tudo o que for necessário para mudarmos, talvez o eu de ontem seja um eu diferente amanha, próvavel que este mesmo eu que observa os cavalos hoje será o eu que dará o nome a sangue para o livro da vida.
            Os cavalos passam.
            Tudo passa.

29.9.10

Palhaço

Diante do espelho estranho que a vida nos apresentar, retirar a maquiagem é um ato tão triste para um palhaço mas isso impede que as lágrimas borrem seu rosto feliz. Nas duas máscaras que deram origem ao teatro - o riso e o choro - e no encontro destes fieis amantes que se completam tanto no claro como no escuro da alma. Os dedos tocam o intocável e os reflexos mostram-se como piadas mal-contadas, como versos mal-feitos, como palavras mal-escritas. Na busca de entender o que é a amizade e o amor, talvez um traga ao outro a felicidade ou a tristeza múltua.
Há perigo no seu olhar, está cravado em meu coração o que seu olhar representa para mim, o medo, a angustia me trouxe uma certa serenidade para analizar as coisas dando sempre um passo para trás. Observar e inferir o que se deve observar e inferir, finda em mim alguns sentimentos obliquos, finda em mim uma música que eu escutara há tantos anos que é provável que o criador de tal música já nem exista mais.
Ela tem perigo em seu olhar.
Suas mãos tremem enquanto ela escreve.
Ela tem um ano de idade, ela tem cem anos de idade, ela nasceu e morreu, ela está tirando a maquiagem diante do espelho, lágrima desce.
Tenho medo de nunca envelhecer, ter a sensação que nunca estaremos preparados para sermos consumidos por tudo isso que nos ronda. As vezes ao saír na rua tenho a sensação de ser invisível aos olhares da multidão, me conforta saber que cada ser é invisível ao ser do seu lado, todos somos seres invisíveis uns aos outros até que possamos mostrar o que somos de verdade e aí que decepcionamos pois somos apenas a cópia do que o o outro é.
Chegamos em casa e tiramos nossa maquiagem de palhaço.

21.9.10

Moderno Mundo Moderno Mundo Moderno Mundo

Tenho me divertido bastante ultimamente. Ando contando os dias mas sem ter um presuposto aparente, ando contando os dias para ter o que contar. Na natureza, os animais são livres porque não prestam contas a ninguém. O meio urbano nos trás muitas facilidades porém temos um preço a pagar por elas; temos que prestar contas a sociedade sobre o que nós somos para usufruir de seus bens "naturais"
A má notícia é que não podemos nos abdicar disto.
Vive uma vida consumista não é tão fácil como se deveria ser. Não nascemos com o manual do mundo moderno guardado em nossos berços. Aprender é duro, viver é difícil e como diria Machado de Assís: "Morrer é fácil, para morrer basta apenas estar vivo".
Não será tão fácil se não estamos vivos, certo?
Luzes laranjas no poste.
Ultimamente tenho me indagado sobre os motivos da humanidade e como chegamos até aqui. Passamos por fome, frio e guerras. Fomos da privação a liberação do sexo, das drogas e do rock and roll. Hoje temos poucos sobreviventes do  passado. Pergunto-me por que ainda sim é fácil morrer hoje em dia? Não inventaram uma maravilha moderna para retardar isto?

"Compre agora este novíssimo colete à prova de balas!"

As vezes eu esqueço da existência da "Polyshop". Um colete à prova de balas vai nos proteger de nós mesmos?

17.9.10

Meu abstratismo não me deixa responder tantas questões metafísicas como eu fazia antes. E a falta de tempo, e a falta de tempo!
Rhuan, tira a máscara e jogue-se no mar.
Impossível minha loucura, impossível.
Nas linhas duras e versos brandos de noites que a questão não é uma mera questão, os problemas se mostram em faces frias. Há o problema do homem atropelado pelo ônibus, há o problema da mulher que não consegue falar, um problema de alguem que não sabe amar. Amor, amor, amor!
Que Deus nos perdoe, mas sou um pecador nato. Curto alguns dos 7 pecados e estou praticando o oitavo que é escrever desordenadamente sem uma ideia aparente. Tudo é tão vasto nesta noite estranha (que noite não é?) que parece-me um mundo novo a cada segundo. Dizem que temos que destruir todos os dias um mundo para que possamos ser livres mas, quem quer ser livre? Quem ousa?
Tento escrever com mais frequência minhas memórias ainda não póstumas. Não sou Brás Cubas, não sou um Assís e muito menos sei usar "Machados" (minhas irônias não chegam aos pés do grande mestre) mas sou um realista e para mim a água está no copo.

16.7.10

Águas Frias

Depois de um tanto de tempo, e de ter reorganizado um pouco a vida; um pequeno soneto. As águas do passado eram frias Turvas eram as águas do passado Cada lembrança que considero minhas Temo que o tempo tenha parado No que chamo de meio termo Inédita inércia de meus dias Aquilo tudo que ainda não temo Vejo as águas do passado, ainda frias Imaculada é a imagem de mim mesmo Quando caí de um sonho renovado Quando vi no espelho a imagem que temo E temo que das minhas memórias tu rias! Mas sou a piada que mais parece homem E sei que não passaram mais as águas frias

28.5.10

Se ela passasse

Se ela passasse denovo talvez eu acreditaria que o tempo teria voltado. Meu coração já que não ama mais, daquele tipo amor febril adolescente, anda e volta sem ter medo e sem ter raiva. Se ela passasse denovo eu faria um soneto. "Se ela passasse denovo" Não tive rima para usar. No carro de noite, uma vida modesta, uma vida sem ninguém. Onde eu trabalho eu acabo trabalhando muito, trabalho em um lugar onde não existe poesia. NÃO EXISTE POESIA!! O que é uma vida sem poesia? No carro de noite eu posso ver várias coisas diferentes do qual escreverei sobre elas depois, isso é a alma do escritor. Numa natureza onde não existe imagem não existe o bem já dizia Tim Maia, e se as palavras fossem ligações para emoções e sentimentos diferentes? O que me difere da menina do sinal? Não terminei meu soneto, ela não passou denovo.

10.5.10

A paz utópica

Faz de conta que estamos sós no mundo, que todos desapareceram e que a solidão reina em nossa alma. Os carros estão parados, as cidades vazias, os sinais de trânsito já não ordenam. Pode quebrar algumas vidraças para se divertir. Vento. Telefones pendurados pelos seus fios. Faz de conta que os elevadores estão parados nos andares já que não há mais ninguém para apertar os respectivos botões. O relógio da estação do metrô parou, o relógio da igreja parou, o relógio biológico parou... Cai o hamburguer frio no chão. Faz de conta que ninguém mais liga para o que dá na bolsa de valores, que os mísseis, agora obsoletos, estão em seus Silos inuteis, os petroleiros não estão funcionando e o pré-sal não será movido. faz de conta que as filas estão vazias, que as escolas estão vazias e não há ninguém para sacar dinheiro no banco, alias, o dinheiro está esparramado pelas calçadas.. Os revólveres já não são usados. O livro se fecha. Os carros voltam a andar e as pessoas aparecem, os bancos funcionam, o dinheiro circula, o petróleo é estraido, o assassinato é cometido, as crianças estudam métodos de tortura aplicado nos escravos na colonização brasileira, Wall Street, Big Apple, Avenida Paulista, Praça da Sé, Tókio, Páris... O chute é dado, o tiro é dado, a guerra recomeça, o apito é tocado. Mas por um segundo, um segundinho, um pequeno e ínfimo segundo criado pela imaginação deixou a Terra em uma profunda Paz

9.4.10

O músico ignorado

Tudo inicia-se com o barulho de um zíper. E naquele mar de conversas desinibidas pois, há muitas pessoas desconhecidas juntas e isso causa desinibição, ninguém se conhece ao certo para dizer como um ou outro deve viver. As batatas fritas são comidas e o som da final de um copo de refrigerante é ouvido. Sorrisos. - Boa noite! No ar há o cheiro da fritura se mistura ao ar condicionado. Garçons fazem contorcionismo para passar entre as mesas juntas trazendo suas bandeijas da Mcdonalds, o "M" sempre está virado para você. Mastiga-se, mastiga-se. Ele tem oito anos de idade, está com sua tia para comprar roupas no shopping quando o pior acontece... O violão já está fora da capa, sua madeira brilhante, os cabos ligados nas caixas de som, o copo de cerveja sobre o banquinho. Ele disse: - Boa noite! Chão sujo! Ele tinha oito anos quando o pior aconteceu, o refrigerante caiu, o garoto chorou, a tia disse que tudo bem e pediu outro. Mas o refrigerante morto ainda estava lá, logo seus restos mortais já estariam limpos, e com a rapidez da faxineira o chão não ficaria grudento porém mesmo assim, todos que passam olham para o cadaver daquele copo de Coca-Cola de 500 Mls. A música acabou, por extinto aplaudem, educadamente se diz "obrigado" mas no fundo ou melhor, na superfície ninguém sabe qual música fora tocada. - E agora vou tocar para vocês... O casal de namorados jovem: Ele espera a garota já ha 15 mintos. Ela apareceu com seu vestido florido e com seu sorriso, ele sorrira e se beijaram. Nada disseram, apenas pediram o que comer. Entreolharam sorridentes, e ele brincava com um folheto de plano de saude, dado no primeiro andar. - Como foi seu dia? - Bem, e o seu? - Ótimo. Ela nota que tem essa mesma conversa dês do messenger. Ela nota que é tudo repetitivo. Com o "M" virado para eles, suas bandejas vermelhas sustentavam um hamburguer, um copo de refrigerante (Diet para ela) e batatas fritas. Ninguém fala obrigado ao garçom. Aplausos. Já se foram 18 músicas e duas horas. - Obrigado, toda sexta-feira estou aqui para tocar o melhor da música para vocês. Tudo termina com o fechar de um zíper.

30.3.10

Um estranho perfeito

Um estranho perfeito. Entre todas as trevas um pouco da minha alma pergunta muitas coisas. Sou estranho a mim mesmo, aquele que olha constantemente no espelho procurando cicatrizes, memórias, laços antigos, talvez até um rosto familiar. Um sem rosto. Penso nos que morreram no Holocausto, penso em cada palavra dita no mundo, e em cada gesto. Era uma vila perdida no meio do deserto do Atacama, ocas em formato cônico com suas portas viradas para o Oeste, eram os Chipayas. O chefe da-me um pirez de barro com um líquido vermelho de gosto esquisito, ele diz: - Beba. Um estranho perfeito. Nas trevas, ainda procurando, havia outra pessoa me olhando. As ruas estavam desertas naquela hora da manha. Ele estava parado me encarando, tinha olhos brilhantes e um sorriso puramente esquisito, um paradoxo entre mim e o nada pois, havia um certo nada naquilo tudo. Seu andar, seu falar, seu rir, era eu quem estava ali parado com olhos brilhantes. Ele dissera que controlava meu futuro e que o livre-arbítrio era uma mentira como qualquer outra. Ele dissera que eu não tinha muito tempo e tristemente longo estaria longe de novo. Me estendeu uma lata de Coca-Cola e disse: - Beba. Um estranho perfeito. No ninho das ideias, na loucura perdida (ou pedida), nos gritos eufóricos das crianças, nos ratos e nas baratas... Alguem acabou de ficar milhonário. No ninho das ideias, perdido com o teclado nas mãos, com o mouse ali parado me encarando. Ele disse: - Rhuan! Tu não sabes nada! Eu digo: - Tudo é fato, nada é verdadeiro, e você cale-se pois é inanimado - e a noite brilha então com o silêncio. O que me controla, a minha vida que esta ai pairando no ar. Ouço latidos e vejo o que é. Um cão me encara, ele tem olhos brilhantes, tem um vasilhame na boca. Pergunto se ele é a morte, não há resposta, pergunto se ele é a vida, não há resposta, pergunto por que me sinto um completo estranho em tudo e em todos. Pergunto o por quê das coisas e o real motivo de tudo. O vasilhame cai, a água cai porém sobra um pouco. Ele me olha e diz - Beba. Um estranho perfeito.

21.3.10

A menina e a chuva

Ela estava esperando na chuva por muito tempo, a chuva já caia a muito tempo. Quem ela esperava? Sua resposta estaria na chegada do suposto, ele falou que viria, ele falou que chegaria em breve, talves estivesse morto e ela não sabe. Talvez ela tenha morrido. As águas escorriam pelos bueiros, o deserto negro das ruas naquela noite faziam seu triste coraçãozinho tremer a cada batida, ela esperaria ali por uma vida inteira, talvez fosse sua última chance de dizer que ama à alguem ou que odeia o mundo, e se chovia não teria medo da chuva de novo. O domingo amanheceu cinza, as núvens dançavam, pareciam naves estrelares em guerra do qual se esfarelavam quando uma tocava a outra. Era um domingo triste pois a alegria talvez tenha ficado no sábado, o sábado fora feliz até as 18:00. Ela escreveu tudo isto num diário. Ela esperou o dia inteiro, choveu o dia inteiro. Sempre acreditei que a chuva fosse as lágrimas dos anjos mas quando crescemos passamos a não acreditar em anjos, quando crescemos nossos aniversários começam a ter menos pessoas já que nossos amigos também vão sumindo aos poucos. Lentamente ela se vira com 36 anos, casada e com aniversários cada vez mais vazios. Com 70 anos, num asilo, não havia mais bolo, velas, nem ar nos pulmões. Acordou as 8 da manha com um susto, sonhara. O domingo se fez tão triste, mas triste que o normal, os anti-depressivos já não faziam mas efeito porém acreditava que estava livre das tristezas naturais do homem, que alias, é uma dor que doi no peito. Pode rir agora. Olhou toda a paisagem no ônibus. Estava molhada, era o último ônibus da noite, o motorista era seu amigo, o mundo não. Mesmo se as estrelas caissem, ela não se sentiria feliz ao certo. Mesmo assim quando chegasse em casa, tirasse sua roupa, deitasse na cama ainda molhada da tempestade que passou ela acordaria no sábado, ela acordaria todas os dias da semana, ela acordaria sempre e mais e mais e mais e mais vezes. Ela esperou na chuva por toda a eternidade e a chuva estara nela por toda a eternidade.

17.3.10

continuação.

As águas pareciam mais frias naquela manha. O mar não deixava a áreia se acomodar, a água fria queimava minha pele, as cinzas núvens só ameaçavam a chuva. As janelas eram lúcidas eu é quem era o louco! Em toda minha vida não pude ver as estrelas direito, todas as paisagens que poderia ver em pequenos fragmentos de dias deixei trancorrer por minhas mãos, quem sou e o que faço neste mundo devasto? Sou aquele mar gelado. Nevava em algum lugar do mundo. Eu podia ver aquele russo andando no deserto frio da Sibéria, tinha um pesado casaco e uma bebida quente, tentava chegar em sua barraca mas a neve fofa impedia-o de chegar mais rápido. Sabia que morreria alí se nevasse, sabia que estava nas mãos de sua agilidade, sabia que faria parte da paisagem ao morrer. O frio vem da alma. Quem gritará? A coragem cresceu no meu interior, mesmo sendo duas da manha o grito saiu tão forte que os cachorros latiram. Não era angústia, era raiva, raiva de mim e de um mundo que não se situava, raiva de uma foto em preto e branco tirada há tanto tempo que até mesmo as cores a repudiavam, era raiva de um filme mal feito sobre um povo perdido. O grito saiu destruindo todas as raivas do mundo, no mais, eu estava orfão de mim mesmo. E bateu-se a última tecla. Fim.

15.3.10

PAISAGEM NUMERO 3 (PARTE 1)

O sol sumia no horizonte, a areia esfriara e o mar subira um pouco. Na solidão completa daqueles dias lá estava o sol se pondo, lá estava a vida acabando, lá estava a morte chegando, lá estava... Anoitece tão lentamente que posso ver o céu se tornando cada vez mais escuro, posso ver o acender de cada estrela e o sibilar silencioso da vida. Não há passado nem futuro e sim um caminho que me leva ao grande nada. Em casa há uma grande escuridão. Os livros estão espalhados pelo chão, café caido, garrafas quebradas, caos. Há caos em tudo, há tudo em caos e se não houvesse um pleno caos nas coisas nada faria sentido. Sem dormir, sem comer, sem sorrir. O expelho não existe. Caio em uma imperfeição completa. Não sofro mas tambem não minto. A noite não apareceu hoje como aparece todos os dias. O sangue que escorre nas ruas da cidade molha todos os bueiros e mendigos, mas hoje havia algo diferente. Um brilho sinistro cobria toda aquela mancha escura, esta noite havia sim algo diferente, um som, um cheiro, um toque, uma visão, um gosto... CONTINUA...

14.3.10

Bem, os bons morrem cedo já diziam os poetas. Perdemos então alguém que trazia a alegria e o sorriso em poucos traços e grandes ideias. Perdemos um ator da caneta e do papel, perdemos um ser que trazia ao mundo um sorriso entre tantas lágrimas. Perdemos Glaúco Vilas-Boas, um dos maiores cartunistas que tivemos a honra de compartilhar as mesmas terras e o mesmo ar, e enfim, presenciar a Arte!. Não tenho muito a dizer sobre este fato que me chocou. Eu estava acordando quando ouvia débilmente a notícia na televisão. De inicio não acreditei. Eu estava acordando quando ouvi a notícia na televisão. Posso dizer apenas que dou adeus e um muito obrigado por ter enriquecido mais um pouco a nossa arte brasileira! ADEUS GLAÚCO.

25.2.10

As filhas da solidão

As filhas da solidão choram Nasceram do mais puro pó Elas um dia amaram Mas hoje estão só Nasceram nas cinzas As tempestades e os gritos Seus sentimentos em prismas Para elas, a alegria é um mito. Na violência de uma segunda-feira Seus passos são infinitos São dados nesta eterna esteira O coração toca uma música São pedidos para que o mundo pare O seu bater é uma suplica

23.2.10

Vipassana!

Platão diz que a inspiração (ele nomeia como idéias) voam por aí, num mundo metafísico e que quando nossa alma bate com estas idéias voadoras nos temos o que se chama no mundo atual de "insight". O budismo chama isso de "Vipassana", são ideias, maneiras, jeitos, coisas que todos nós podemos escrever, pintar, criar, fazer, enfim; coisas que nós produzimos. Fora feito por nossas mãos. Podemos ver coisas belas em todos os lugares, podemos ter coisas belas sempre próximo de nós mas o que é belo e feio em um mundo preto e branco? Apontei o dedo para um lugar aleatório, para mim apontei o dedo para algo ilusório para outro o dedo fora apontado para Deus, para outro o dedo nunca chegou a ser apontado porém, havia quatro dedos apontando para mim. Neste vasto mar, nestas águas salgadas que estamos no hoje sempre há dedos apontando para nós e apontamos dedos para os outros. Onde quero chegar? Quero andar com passos largos. Em meio a destruição ou a criação sempre há as pessoas que querem ver. Dançaremos nas ruínas de nossas idéias. Dançaremos a valsa de Lispector. Somos um prédio e estamos emplodindo. Há alegria nisto. Cair, chegar ao chão, olhar para o alto e ver o alto diminuindo. O que seremos quando nada formos? Um dia seremos a idéia de alguem, fonte de inspiração para outro que está criando algo. Se pensar em um lado diferente de todos os lados pensados; quando morrermos nos tranformaremos em idéias e seremos escritos, pintados, modelados, construidos em algum lugar daí viveremos uma vida eterna. Mas hoje, fechamos os olhos no intuito de encontrarmos a nós mesmos.

19.2.10

Páginas

As páginas passam, esquecera a janela aberta. Lá fora o mundo é o mundo. Toca Rolling Stones. Não tenho perguntas a fazer. Sem razões, nem emoções, sem esperança. Tudo que sei é que a vida que está lá fora, como uma música, tem inicio meio e fim. Os mendigos estão dançando e a noite é linda. As razões que me deram para sentir algo mágico é apenas fruto de minha imaginação que anda cada vez mais com as próprias pernas. As pessoas sempre serão as mesmas por mais que você as veja pouco. Nada muda, nada nunca muda. As formigas irão sempre para o mesmo caminho e a terra sempre será marrom. O tempo mudou. As núvens não estão mais lá. Me sinto solitário e o céu não está estrelado. O fogo de minha alma acendeu hoje mas está baixo. Perder as esperanças. Cair no fundo do poço. Seja como for, os Stones estão tocando no meu rádio, lá fora a vida está parada, os amigos me dizem coisas que sempre dizem os amigos, e o fruto proibído que fora comido por Eva é uma metafora. A bíblia é uma metáfora. As páginas sempre passaram por mais que não tenha nínguem para ler-las.

17.2.10

Um homem lá no alto comendo seu feijão com arroz

Havia cimento junto ao feijão com arroz. De cima da obra o operário via o mundo-formigueiro seguir seu rumo diário. A comida era crocante, o cimento nas mãos faziam o prato cor de aço se misturarem a sua pele, Segurava a colher como um homem das cavernas, segurava e pensava nas formigas-pessoas lá de baixo. Havia vida junto ao cimento, junto a comida, junto ao feijão, junto a colher. À colher! As moscas não chegavam até ele. Nos seus olhos lácrimejantes, o mesmo lembrou-se da vida. Uma infância de pés na lama. Não sabia escrever o próprio nome aos 4 anos de idade, aprendera isso aos 44. A comida descia-lhe na garganta. E a obra continou.

15.2.10

Love tell us apart

Nas escuras curvas do coração há ou não há uma dúvida intuitiva? Se há, as curvas se tranformam em retas e o coração vai bater por alguem que se ama, mais o amor não é ilusão? Bate o coração parado. Nas escuras curvas de um sonho não dormido, acorda jovem poeta! vai a vida! a vida acabou antes de começar? Não, não, não. Eis sua chance de virar a mesa e gritar para o mundo quem tu és. O poeta o fez, mas gritou "CARPE DIEM" e o mundo continuou sua rotina Amar é? Amar não é? Amar é enfim uma dúvida que nos mostra a cada palavra, um poema incompleto, uma métrica... Os casais se beijam, pouco sabem da vida mas a vida lhe mostrou que o inferno está vazio e foi fechado. Os casais se beijam, logo a relação cresce ou desaparece e aquele beijo naquele dia naquela hora naquele lugar vira apenas uma lembrança em uma página de diário. O amor acabou. A vida continuou apesar dos pesares, e o peso nas costas de um homem solitário é grande. O homem solitário comete a loucura de dizer: - NÃO AMAREI MAIS!!!!!
Amara no outro dia.

31.1.10

FONTE SECA

- Secou a fonte! - fora o grito que deram. - A fonte secou! - fora o grito que soou. - Não há mais água! - fizeram tal pergunta idiota. - E o que beberemos? - perguntou a criança com os olhos lacrimejantes. - Juntai-vos todos! juntai-vos todos! - o mais antigo aldeão sobe com dificuldade na borda da fonte e com braços abertos grita tais palavras: - o poço secou! Tal coisa é culpa nossa. Nós não nos preparamos para este periodo de estiagem, nós não se preocupamos em armazenar as águas da chuva e agora, mesmo depois de tanto ter falado para vocês, aldeões morreremos de fome e sede, sabes que nosso gado não sobreviverá e assim também não sobreviveremos mas o que preferiram? Nada fazer; e agora está aí, um poço seco. Todos aqueles de faces sujas e línguas secas, abaixam suas cabeças, culpados pela sua irresponsabilidade, por suas faltas de senso. Todos acreditaram que o bom Deus, aquele que tanto falaram para eles, aquele que os fizeram temer os pecados, todos acreditaram que a fonte, como um passe de mágica, iria novamente encher. O ancião os avisara de tal fato e hoje a fonte secou. - Foram avisados, que se nada plantarem nada colheram! - e assim termina seu último discurso. Sem culpar a Deus e sim aos homens.

28.1.10

A Rua Não Me Comove

A rua não me comove. Sou apenas um falante neste agora, a internet fervilha em mil coisas mas há sempre os simpáticos escritores que querem notoriedade para suas ideias e textos que vagam por ai buscando uma triste alma para confortar ou um alegre alma para entristecer. Se o tempo parasse creio eu que não perceberiamos ou não sentiriamos falta de nós mesmos, seres palpitantes. Tentar rir é como não conseguir abrir um envelope de aspirina. Este "melhor remédio" precisa ser ingerido com sinceridade. Pode-se rir com dor mas creio não ser o mesmo que rir, rindo.
Minha primeira frase foi: "a rua não me comove", digo isso pois há silêncio na minha, há silêncio na outra e há silêncio na de trás. Apenas as avenidas que sempre veem e vão não deixam-se morrer no esquecimento. Preso muito estes silêncios mas uma boa explosão de novidade não mata ninguém. Os muros derrubados e as vidas sedentárias ainda sim são simpáticas ao olho divino do açucar e do sal, os novos males da humanidade (depois da depressão).
Tentei ver todas as estrelas hoje. Tenter escrever o texto mais belo da minha vida, tentei de todas as formas ser o que não sei apenas para ilustrar mais algumas horas de tranquilidade e descanço. Em breve dormirei sem sonhar com nada, não que nada me aflija, alias, muitas coisas afligem mas não sonho com elas, não ainda. Finalizando: digo apenas que nada sei neste pequeno mundo ignorante e ser métrica, nada sei neste meteoro B612, esta rosa inútil nada fala e esta rua não me comove mais.

16.1.10

Uma pedida singela

Uma pedida singela. Ela só queria dançar; o mundo era uma grande ilusão. Nestes dias tão enfermos, ontem mesmo era sábado e hoje mesmo já inicia o domingo. Tanta gente já morreu em 2010, tanta gente está triste em 2010, poderia fazer um relato triste e depreciativo sobre esta pequena caminhada de alguns dias neste novo ano. Nos faltam ainda 11 meses e a dúvida sobre o destino e o tempo é impagável. Conversei com um amigo hoje, falamos sobre a juventude. Eu tenho uma teoria: os jovens (até 16 anos) que tem algo na cabeça pensam que podem mudar o mundo, acham que os valores da ética e da razão se utilizados podem sim trazer um mundo melhor. Esses jovens crescem e veem que aquilo que acreditavam era pura utopia, eles crescem e vão trabalhar, eles crescem prontos para derrubar o inimigo e viver suas vidas egoistas, eles crescem e se tornam os adutos de hoje. Fizemos uma análize sobre as ultimas palavras de John Lennon, o mesmo disse que "o sonho acabou"; penso nisto como uma profecia. Tento ser otimista de vez enquando mas, ser otimista é impossível, e ser realista é ser pessimísta. No simples gesto de olhar pela janela vemos algumas cenas de opressão e dor, no simples trocar de canal somos bombardeados pela ignorância humana, no simples gesto de navegar pela internet vemos o sofrimento, vemos a dor, vemos até a falta de ética, eles ditam as regras e nós as seguimos sem ao menos reclamar. A paz virou guerra O amor virou ódio A juventude envelheceu Não salvaremos a terra O que vale é o primeiro lugar do pódio O sonho lentamente faleceu.

10.1.10

Sorte

Com tantas coisas acontecendo neste mundo, eu escrevi este poema para ilustrar um pouco a fotografia da desgraça e da desiluzão...
Tocai na tua alma
Ligai seu sentimento
Entre casa ou apartamento
Nas ruas, ha calma
Tocai a flauta
Que mostrara o caminho errado
Mostrara que estamos cercados
E do que sentimos falta
Tocai o chão
Para que chegamos ao inferno
Para que sejamos eternos
Até o dia que pára o coração
Tocai o medo Para fugir da minha lucidez Para justificar minha avidez Para que eu termine cedo Tocai a morte Quando chove tanto e morremos Quando pensamos no futuro; o que seremos? Quando pensamos se temos sorte.

5.1.10

Uma característica humana...

A estupidez faz parte da alma humana, como um outro espírito que acompanha parasitando a vida alheia, a estupidez faz parte da vida, sem ela não teriamos guerras, sem ela nao teriamos violência, sem ela não teriamos arrogância. A estupidez é uma benção? O fim está tão próximo, nós almas dionisíacas, sem destino, que caminham na perdição de nossos tempos ainda sim enfrentam o demônio da estupidez e as vezes até celebramos sua existência. Dançamos em volta dos nossos mortos cantando músicas nefastas, eis a estupidez em sua celebração. Mais um dia de gritos Furia e crianças sem pais Homens e seus ritos Não teremos nunca um pouco de paz
Observo o triste movimento do mar. A praia está vazia, observo as crianças que caminham segurando as mãos de quem as protege. Observo o por do sol e noto que poucos observam, eis a estupidez sendo cometida uma rua atrás; ela preferiu dar a vida ao celular...

4.1.10

De volta...

De volta neste Janeiro de 2010... Depois de algum tempo sem contato com a world wide web estamos aqui para apresentar este novo - e caótico - teatro feito da vida e das coisas que se passam nestas retinas que começam a fatigar, neste cansaço que começa a chegar, nestes tempos perdidos sem esperança, sem ância e sem destino. Correr como um animal em busca de seu chamado da natureza, correr como uma selvagem fera em busca de verdade. Como os espetáculos voltaram depois de um recesso forçado ainda não peguei um assunto para dissecar-lo e estudar-lo; ou menos ainda sem um poema ou conto do qual possamos exprimir o que a humanidade diz de nós e de outros. Se resolver abrir as cortinas ainda hoje então novidades virão, o importante que o palco foi reaberto e a temporada de espetáculos está de volta!