25.2.10

As filhas da solidão

As filhas da solidão choram Nasceram do mais puro pó Elas um dia amaram Mas hoje estão só Nasceram nas cinzas As tempestades e os gritos Seus sentimentos em prismas Para elas, a alegria é um mito. Na violência de uma segunda-feira Seus passos são infinitos São dados nesta eterna esteira O coração toca uma música São pedidos para que o mundo pare O seu bater é uma suplica

23.2.10

Vipassana!

Platão diz que a inspiração (ele nomeia como idéias) voam por aí, num mundo metafísico e que quando nossa alma bate com estas idéias voadoras nos temos o que se chama no mundo atual de "insight". O budismo chama isso de "Vipassana", são ideias, maneiras, jeitos, coisas que todos nós podemos escrever, pintar, criar, fazer, enfim; coisas que nós produzimos. Fora feito por nossas mãos. Podemos ver coisas belas em todos os lugares, podemos ter coisas belas sempre próximo de nós mas o que é belo e feio em um mundo preto e branco? Apontei o dedo para um lugar aleatório, para mim apontei o dedo para algo ilusório para outro o dedo fora apontado para Deus, para outro o dedo nunca chegou a ser apontado porém, havia quatro dedos apontando para mim. Neste vasto mar, nestas águas salgadas que estamos no hoje sempre há dedos apontando para nós e apontamos dedos para os outros. Onde quero chegar? Quero andar com passos largos. Em meio a destruição ou a criação sempre há as pessoas que querem ver. Dançaremos nas ruínas de nossas idéias. Dançaremos a valsa de Lispector. Somos um prédio e estamos emplodindo. Há alegria nisto. Cair, chegar ao chão, olhar para o alto e ver o alto diminuindo. O que seremos quando nada formos? Um dia seremos a idéia de alguem, fonte de inspiração para outro que está criando algo. Se pensar em um lado diferente de todos os lados pensados; quando morrermos nos tranformaremos em idéias e seremos escritos, pintados, modelados, construidos em algum lugar daí viveremos uma vida eterna. Mas hoje, fechamos os olhos no intuito de encontrarmos a nós mesmos.

19.2.10

Páginas

As páginas passam, esquecera a janela aberta. Lá fora o mundo é o mundo. Toca Rolling Stones. Não tenho perguntas a fazer. Sem razões, nem emoções, sem esperança. Tudo que sei é que a vida que está lá fora, como uma música, tem inicio meio e fim. Os mendigos estão dançando e a noite é linda. As razões que me deram para sentir algo mágico é apenas fruto de minha imaginação que anda cada vez mais com as próprias pernas. As pessoas sempre serão as mesmas por mais que você as veja pouco. Nada muda, nada nunca muda. As formigas irão sempre para o mesmo caminho e a terra sempre será marrom. O tempo mudou. As núvens não estão mais lá. Me sinto solitário e o céu não está estrelado. O fogo de minha alma acendeu hoje mas está baixo. Perder as esperanças. Cair no fundo do poço. Seja como for, os Stones estão tocando no meu rádio, lá fora a vida está parada, os amigos me dizem coisas que sempre dizem os amigos, e o fruto proibído que fora comido por Eva é uma metafora. A bíblia é uma metáfora. As páginas sempre passaram por mais que não tenha nínguem para ler-las.

17.2.10

Um homem lá no alto comendo seu feijão com arroz

Havia cimento junto ao feijão com arroz. De cima da obra o operário via o mundo-formigueiro seguir seu rumo diário. A comida era crocante, o cimento nas mãos faziam o prato cor de aço se misturarem a sua pele, Segurava a colher como um homem das cavernas, segurava e pensava nas formigas-pessoas lá de baixo. Havia vida junto ao cimento, junto a comida, junto ao feijão, junto a colher. À colher! As moscas não chegavam até ele. Nos seus olhos lácrimejantes, o mesmo lembrou-se da vida. Uma infância de pés na lama. Não sabia escrever o próprio nome aos 4 anos de idade, aprendera isso aos 44. A comida descia-lhe na garganta. E a obra continou.

15.2.10

Love tell us apart

Nas escuras curvas do coração há ou não há uma dúvida intuitiva? Se há, as curvas se tranformam em retas e o coração vai bater por alguem que se ama, mais o amor não é ilusão? Bate o coração parado. Nas escuras curvas de um sonho não dormido, acorda jovem poeta! vai a vida! a vida acabou antes de começar? Não, não, não. Eis sua chance de virar a mesa e gritar para o mundo quem tu és. O poeta o fez, mas gritou "CARPE DIEM" e o mundo continuou sua rotina Amar é? Amar não é? Amar é enfim uma dúvida que nos mostra a cada palavra, um poema incompleto, uma métrica... Os casais se beijam, pouco sabem da vida mas a vida lhe mostrou que o inferno está vazio e foi fechado. Os casais se beijam, logo a relação cresce ou desaparece e aquele beijo naquele dia naquela hora naquele lugar vira apenas uma lembrança em uma página de diário. O amor acabou. A vida continuou apesar dos pesares, e o peso nas costas de um homem solitário é grande. O homem solitário comete a loucura de dizer: - NÃO AMAREI MAIS!!!!!
Amara no outro dia.