29.9.10

Palhaço

Diante do espelho estranho que a vida nos apresentar, retirar a maquiagem é um ato tão triste para um palhaço mas isso impede que as lágrimas borrem seu rosto feliz. Nas duas máscaras que deram origem ao teatro - o riso e o choro - e no encontro destes fieis amantes que se completam tanto no claro como no escuro da alma. Os dedos tocam o intocável e os reflexos mostram-se como piadas mal-contadas, como versos mal-feitos, como palavras mal-escritas. Na busca de entender o que é a amizade e o amor, talvez um traga ao outro a felicidade ou a tristeza múltua.
Há perigo no seu olhar, está cravado em meu coração o que seu olhar representa para mim, o medo, a angustia me trouxe uma certa serenidade para analizar as coisas dando sempre um passo para trás. Observar e inferir o que se deve observar e inferir, finda em mim alguns sentimentos obliquos, finda em mim uma música que eu escutara há tantos anos que é provável que o criador de tal música já nem exista mais.
Ela tem perigo em seu olhar.
Suas mãos tremem enquanto ela escreve.
Ela tem um ano de idade, ela tem cem anos de idade, ela nasceu e morreu, ela está tirando a maquiagem diante do espelho, lágrima desce.
Tenho medo de nunca envelhecer, ter a sensação que nunca estaremos preparados para sermos consumidos por tudo isso que nos ronda. As vezes ao saír na rua tenho a sensação de ser invisível aos olhares da multidão, me conforta saber que cada ser é invisível ao ser do seu lado, todos somos seres invisíveis uns aos outros até que possamos mostrar o que somos de verdade e aí que decepcionamos pois somos apenas a cópia do que o o outro é.
Chegamos em casa e tiramos nossa maquiagem de palhaço.

21.9.10

Moderno Mundo Moderno Mundo Moderno Mundo

Tenho me divertido bastante ultimamente. Ando contando os dias mas sem ter um presuposto aparente, ando contando os dias para ter o que contar. Na natureza, os animais são livres porque não prestam contas a ninguém. O meio urbano nos trás muitas facilidades porém temos um preço a pagar por elas; temos que prestar contas a sociedade sobre o que nós somos para usufruir de seus bens "naturais"
A má notícia é que não podemos nos abdicar disto.
Vive uma vida consumista não é tão fácil como se deveria ser. Não nascemos com o manual do mundo moderno guardado em nossos berços. Aprender é duro, viver é difícil e como diria Machado de Assís: "Morrer é fácil, para morrer basta apenas estar vivo".
Não será tão fácil se não estamos vivos, certo?
Luzes laranjas no poste.
Ultimamente tenho me indagado sobre os motivos da humanidade e como chegamos até aqui. Passamos por fome, frio e guerras. Fomos da privação a liberação do sexo, das drogas e do rock and roll. Hoje temos poucos sobreviventes do  passado. Pergunto-me por que ainda sim é fácil morrer hoje em dia? Não inventaram uma maravilha moderna para retardar isto?

"Compre agora este novíssimo colete à prova de balas!"

As vezes eu esqueço da existência da "Polyshop". Um colete à prova de balas vai nos proteger de nós mesmos?

17.9.10

Meu abstratismo não me deixa responder tantas questões metafísicas como eu fazia antes. E a falta de tempo, e a falta de tempo!
Rhuan, tira a máscara e jogue-se no mar.
Impossível minha loucura, impossível.
Nas linhas duras e versos brandos de noites que a questão não é uma mera questão, os problemas se mostram em faces frias. Há o problema do homem atropelado pelo ônibus, há o problema da mulher que não consegue falar, um problema de alguem que não sabe amar. Amor, amor, amor!
Que Deus nos perdoe, mas sou um pecador nato. Curto alguns dos 7 pecados e estou praticando o oitavo que é escrever desordenadamente sem uma ideia aparente. Tudo é tão vasto nesta noite estranha (que noite não é?) que parece-me um mundo novo a cada segundo. Dizem que temos que destruir todos os dias um mundo para que possamos ser livres mas, quem quer ser livre? Quem ousa?
Tento escrever com mais frequência minhas memórias ainda não póstumas. Não sou Brás Cubas, não sou um Assís e muito menos sei usar "Machados" (minhas irônias não chegam aos pés do grande mestre) mas sou um realista e para mim a água está no copo.