10.5.10

A paz utópica

Faz de conta que estamos sós no mundo, que todos desapareceram e que a solidão reina em nossa alma. Os carros estão parados, as cidades vazias, os sinais de trânsito já não ordenam. Pode quebrar algumas vidraças para se divertir. Vento. Telefones pendurados pelos seus fios. Faz de conta que os elevadores estão parados nos andares já que não há mais ninguém para apertar os respectivos botões. O relógio da estação do metrô parou, o relógio da igreja parou, o relógio biológico parou... Cai o hamburguer frio no chão. Faz de conta que ninguém mais liga para o que dá na bolsa de valores, que os mísseis, agora obsoletos, estão em seus Silos inuteis, os petroleiros não estão funcionando e o pré-sal não será movido. faz de conta que as filas estão vazias, que as escolas estão vazias e não há ninguém para sacar dinheiro no banco, alias, o dinheiro está esparramado pelas calçadas.. Os revólveres já não são usados. O livro se fecha. Os carros voltam a andar e as pessoas aparecem, os bancos funcionam, o dinheiro circula, o petróleo é estraido, o assassinato é cometido, as crianças estudam métodos de tortura aplicado nos escravos na colonização brasileira, Wall Street, Big Apple, Avenida Paulista, Praça da Sé, Tókio, Páris... O chute é dado, o tiro é dado, a guerra recomeça, o apito é tocado. Mas por um segundo, um segundinho, um pequeno e ínfimo segundo criado pela imaginação deixou a Terra em uma profunda Paz